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《 ARQUIVO 》

Por favor pare agora… senhor juiz pare agora…

Eu particularmente a imitei muito fazendo aquele gesto com a mão e o biquinho quando cantava essa e outras músicas que permearam a minha adolescência. Sim, ela é a nossa eterna ternurinha Wanderléa. Ela é a menina rock, como o príncipe Ronnie Von falou ontem na homenagem especial que o Vídeo Show fez para ela.

No palco, é a protagonista de um musical que está contando a historia de uma época onde sonhar era possível e através desse sonho éramos embalados por música, filmes, clipes e nenhuma festa era completa se não rolasse o som da Jovem Guarda.

O Brasil é um celeiro de mulheres talentosas que marcaram épocas através da música, cada uma com o seu estilo. Wanderléa estava na turma da Jovem Guarda e era impossível não ligá-la ao Rei Roberto Carlos e seu parceiro Erasmo Carlos. Os três juntos viveram aventuras no cinema e a mais marcante foi Diamante Cor de Rosa. Perdi a conta de quantas vezes assisti e nessas tantas vezes quis estar naquela aventura com eles. Ela usava um figurino maravilhoso, com as minissaias, adereços coloridos  e o cabelão que nós meninas queríamos ter. Aliás, até hoje seu estilo próprio mostra que, pra ela, o tempo não passou.

Tive a felicidade de ser criada ouvindo a Jovem Guarda, Nelson Gonçalves, Elizeth Cardoso, Frank Sinatra, entre outros. Meus pais adoravam dançar e em casa a festa rolava com som alto e muitos estilos musicais diferentes. Dei continuidade a isso, mostrando para meus filhos artistas que muitos amigos deles nunca tinham ouvido falar. Tive o privilégio de trabalhar com alguns e, por isso mesmo, fazer com que muitos da geração dos meus filhos pudessem crescer ouvindo e respeitando a história desses artistas que são, sim, referencia para a nossa arte.

Minhas netas percorrerão esse mesmo caminho, pois é importante que cresçam entendendo que as referencias existem e precisam ser respeitadas.

Hoje passei por uma situação que me fez pensar em como os jovens estão desconectados, apesar de terem acesso a tanta informação na palma da mão. Estava em um restaurante e o Vídeo Show homenageava a artista Wanderléa. Em uma mesa ao lado um casal de jovenzinhos não paravam para ouvir o que estava acontecendo ali, não tinham curiosidade para saber o que aquela mulher significou para o Brasil artisticamente. A menina debochava, desrespeitava por pura ignorância a nossa Ternurinha linda, cheia de vida vivida sendo homenageada. Triste ver uma geração que não tem interesse em conhecer a memória artística de seu país, da falta de curiosidade, do imediatismo das redes sociais que pulverizam a informação que rapidamente se esvai entre um post e outro.

Não vim aqui escrever sobre “60 – Década de Arromba – Doc. Musical”, porque muito já foi dito e mostrado. É um musical que encanta, que através da sua trilha maravilhosa traz à nossa memória afetiva momentos históricos do nosso País.

Vim aqui sim homenagear Wanderléa, uma das mulheres, senão A Mais Influente, na nossa música e pedir a minha geração que mostre aos seus filhos a importância que esses movimentos artísticos tiveram na construção e modernização do nosso Brasil.

Fotos: Reprodução