Matheus Nachtergaele é desses atores que celebra cada um de seus personagens como parte de sua própria existência. E para tanto usa memórias, sentimentos e vivências do dia a dia para compor cada trabalho, com pesquisa e sensibilidade. Cara de eterno menino travesso, em nada deixa transparecer a proximidade dos 60 anos (calma! ele ainda vai para os 58 em janeiro!). “Não tenho roupa pra isso”, costuma dizer sorrindo o popular João Grilo de “O Auto da Compadecida”, da obra de Ariano Suassuna imortalizada por ele na TV e no cinema. O ator não para de produzir arte: há uma semana despediu-se do personagem Poliana, em “Vale Tudo”, está filmando “Cabras da Peste 2” e – a partir de janeiro – estará novamente na tela da TV Globo, com o “O Auto da Compadecida”, em formato de série, inclusive com cenas inéditas. Premiadíssimo, esse ator, diretor e autor paulistano de semblante nordestino – apesar da origem familiar ser belga – encarou tudo e todos em sua trajetória artística, mantendo constante postura crítica. “Não se pendura na parede a obra de um ator; ela acontece em vida. E estamos com o rosto dado a tapa, literalmente, todo santo dia…” Pelo conjunto da obra, Nachtergaele sabe bem do que está falando.
