Desde garoto, ele já aprontava no ambiente escolar. Não raro, era chamado na sala da direção, colecionando advertências por “intervenções artísticas” não autorizadas na escola, usando muros e paredes. Quando adolescente, nos anos 1990, pertenceu a uma gangue que espalhava o terror nos arredores do bairro onde morava, por usar – até então – seus “rabiscos” apenas com spray, em muros e fachadas. Igualmente sem autorização, claro. Era uma fase onde a rebeldia falava mais alto; o uso irregular da prática fez com que fosse detido pelo menos três vezes por crime ambiental. Na etapa seguinte, já com indiscutível apelo artístico, tornou-se grafiteiro, mesmo as “telas” ainda não tendo permissão de uso. De qualquer forma, assumia de vez a vocação – desde sempre latente – que o tornaria mundialmente famoso. Em 2007, ganhou destaque na imprensa, com críticas das mais favoráveis em meio ao projeto “Muro das Memórias”, em que reproduziu nas ruas fotos antigas de São Paulo. Ganhava alí a admiração da mídia e da população como um todo. Resumidamente, esse foi o início da trajetória de Eduardo Kobra – nome artístico de Carlos Eduardo Fernandes Leo – nascido no Jardim Martinica, bairro da periferia da Zona Sul de São Paulo, e que, aos 50 anos, é apontado como um dos mais festejados muralistas da atualidade, com obras aplaudidas nos cinco continentes. Só nos Estados Unidos, o artista tem mais de 50, ganhando uma homenagem inusitada com a instituição do “Eduardo Kobra Day” na cidade de Buffalo, para comemorar seu talento.
