Neste período de fim de ano que se aproxima
é fundamental o debate sobre o papel dos pais no desenvolvimento da educação financeira dos filhos.
Isso, principalmente, pelo fato de que não é mais possível se omitir sobre esse tema. E cada vez vemos mais pessoas que crescem e se tornam endividados e inadimplentes.
“Diante
de um cenário de consumismo desenfreado, população
endividada ou frustrada por não conseguir realizar seus sonhos, ensinar
como lidar com dinheiro e anseios para crianças e jovens tornou-se
um dos principais desafios de pais. Lembro que as famílias têm papel
fundamental no significado que os filhos atribuem ao dinheiro e a forma como se lida com seus recursos
financeiros pode influenciar a maneira como a criança irá administrar seus bens no futuro”, explica Reinaldo Domingos, PhD em Educação Financeira e autor do livro Mesada não é só dinheiro (Editora
DSOP);
Ele conta que muitos pais, que não receberam orientações dessa natureza
e encontram dificuldades em transmitir esse tipo de conhecimento. Um dos caminhos para famílias educarem financeiramente
seus filhos é estimular que esses identifiquem
seus sonhos de curto, médio e longo prazos; ensinando a investigar quanto custam
esses e, junto com os pais, começarem a poupar. Reinaldo Domingos preparou quatro
orientações de como os pais podem educar financeiramente os filhos:
Começar cedo –
É uma característica
das crianças serem muito observadores e cedo começam a
perceber que o dinheiro tem uma importância na vida dos pais e, em
paralelo tem estabelecido os desejos de consumo, assim, a partir da
percepção deste entendimento, que ocorre normalmente por volta dos três
anos, já deve ter início a educação financeira. Frequentemente eles observam
os adultos entregarem
dinheiro, cartões, cheques em vários locais em troca de mercadorias. Ou
seja, observam que troca dinheiro por coisas que se quer ter. Ao
mesmo tempo crianças e jovens estão expostos às mensagens publicitárias
que estimulam o desejo de ter. São duas forças importantes que
movimentam a sociedade e, portanto, precisam ser bem compreendidas.
Combater o
consumismo – O
antídoto para os possíveis efeitos nocivos do estímulo ao consumo é
envolver esses nas decisões familiares sobre
os gastos, colocando os sonhos em primeiro lugar. Temos de mostrar que é
preciso ter objetivos, fazer escolhas e que nada é mágico,
porém, tudo é possível, desde que o dinheiro seja usado com foco e
sabedoria. Dessa
forma, habitua-se as crianças e jovens que acordos não significam
negação, mas sim negociação. Eles perceberão que é possível ter, porém,
nem sempre no momento que se quer. Essa prática também
ajuda a aliviar o sentimento de culpa de muitos pais porque, nesse
exercício, eles também aprendem a se reeducar financeiramente e deixam
de ver o dinheiro – ou o poder de comprar – como uma válvula de escape
para suprir lacunas em outros aspectos da vida.
Problema da falta de educação financeira – Uma
criança que não é educada
financeiramente trará grandes problemas de descontrole para os pais, por
querer tudo que vê e fazer ‘birra’. A exposição das
crianças às ações publicitárias faz com que estas se tornem cada vez
mais cedo consumistas. Hoje a criança é elevada ao status de
consumidora sem estar preparada. E a publicidade utiliza de propagandas
são apelativas, que causam desejos imediatos nas crianças de
querer o produto, e isso não significa necessariamente que essa criança é
excessivamente consumista, pois, esse desejo será rapidamente
esquecido. Uma situação que indica uma criança excessivamente consumista
é quando ela gasta todo seu dinheiro ganho com mesadas e logo
pede mais dinheiro para seus pais. Porém, não existe um índice que
mostre qual o grau que esse problema atingiu.
Você é o exemplo -Os
pais são referências para os filhos, ocorre que cada família deve ter
seus valores, mas mesmo assim é necessário cuidado. Se
a criança vê os pais comprando sem parar, vão tender a seguir esse
exemplo e acabar ficando desta forma. Assim, é
fundamental ter muito cuidado com o exemplo que os familiares passam, e
desde cedo demonstrar que a felicidade não está associada ao
consumismo desenfreado e sim na atitude de atingir seus objetivos. No
caso do exemplo externo, a família também terá um papel de grande
relevância, que é o de estabelecer os limites para esta atitude. Os pais podem reforçar ou não a atitude consumista da criança e se o comportamento da
criança não mudar nesse primeiro momento é muito provável que ela se torne um adulto sem limite nos seus gastos.
