PRETA GIL: O QUE É CÂNCER COLORRETAL? MÉDICO ALERTA PARA AUMENTO DE CASOS EM JOVENS
O caso da cantora Preta Gil coloca em evidência o avanço do câncer colorretal em pessoas mais jovens e os desafios para o diagnóstico precoce, segundo o Dr. Lucas Nacif
O câncer colorretal, responsável pela morte da cantora Preta Gil aos 50 anos, está entre os tipos mais comuns no Brasil e é um dos mais letais. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para o triênio 2023-2025 é de 45.630 novos casos no país, sendo 21.970 casos entre homens e 23.660 entre mulheres. Apesar das altas chances de cura quando detectado precocemente, esse tipo de tumor muitas vezes é descoberto apenas em estágios avançados, como aconteceu com a artista.
Diagnosticada em estágio avançado no início de 2023, Preta passou por uma cirurgia de retirada do tumor, enfrentou quimioterapia, chegou a entrar em remissão, mas em agosto do mesmo ano revelou a descoberta de metástases. A doença voltou de forma agressiva, atingindo o peritônio (membrana que reveste os órgãos abdominais), a ureter (canal entre o rim e a bexiga) e dois linfonodos.
“Casos como o da Preta Gil mostram como o diagnóstico tardio é um grande obstáculo no combate ao câncer de intestino. Infelizmente, esse é um tipo de tumor que ainda chega tarde ao consultório, mesmo entre pacientes jovens”, destaca o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD).
Dados recentes da American Cancer Society apontam que, enquanto a incidência em idosos tem diminuído devido ao rastreamento precoce, o câncer colorretal cresce entre adultos jovens, o que representa um desafio para a medicina. “Cada vez recebo mais pacientes jovens com diagnóstico de câncer no intestino no consultório, é preocupante”, alerta o especialista.
O que é o câncer de intestino?
Segundo Nacif, esse tipo de câncer geralmente se origina a partir de crescimentos anormais de células evoluindo com pequenas lesões chamadas pólipos adenomatosos que podem se tornar cancerígenas ao longo do tempo. “O câncer colorretal pode se desenvolver por muitos anos sem causar sintomas visíveis. No entanto, à medida que o câncer cresce, podem ocorrer sinais e sintomas como mudanças nos hábitos intestinais, sangramento retal, dor abdominal, fraqueza e perda de peso inexplicada”, resume o cirurgião gastrointestinal.
O médico ainda esclarece que os estágios do câncer de intestino variam do estágio I, quando o câncer invadiu toda a parede do intestino, mas não através dela, até o estágio IV, quando o câncer se espalhou para órgãos distantes, como o fígado ou os pulmões.
Causas
De acordo com o cirurgião gastrointestinal, uma dieta pobre em frutas, vegetais, carnes magras, combinada com o consumo excessivo de carnes vermelhas e/ou processadas, pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer colorretal. Além disso, hábitos como o consumo excessivo de álcool, tabagismo e o uso regular de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides também estão associados a um maior risco dessa doença.
No entanto, o Dr. Nacif enfatiza que, embora diversos fatores possam aumentar a probabilidade de desenvolver a doença, ainda não se conhece completamente suas causas específicas. Ele ressalta que os tumores na região geralmente se desenvolvem a partir de mutações genéticas que ocorrem em pólipos, lesões benignas do intestino.
Como é feito o diagnóstico
“O diagnóstico precoce da doença pode ser alcançado através da realização de uma investigação minuciosa, utilizando exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos. No caso específico do câncer colorretal, o rastreamento pode ser conduzido através de dois principais exames: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopia)”, explica o médico.
Câncer de intestino tem cura? Qual é o tratamento?
Segundo Nacif, a identificação precoce do tumor é fundamental, pois aumenta consideravelmente a eficácia do tratamento, alcançando taxas de cura acima de 90%. “Portanto, não se deve nunca negligenciar sinais suspeitos, mas sim buscar avaliação médica especializada”, resume.
Quanto ao tratamento, o médico explica que varia de acordo com o estágio do tumor. Geralmente, a cirurgia é realizada para remover as partes do intestino afetadas pelo câncer. Em estágios mais avançados, a quimioterapia e a radioterapia podem ser necessárias. Em situações onde o câncer está avançando e crescendo rapidamente, tanto a radioterapia quanto a quimioterapia podem ser utilizadas para controlar o crescimento tumoral.
Por fim, Lucas Nacif ressalta a importância de exames periódicos principalmente em pessoas que já tiveram casos de incidência na família (pela hereditariedade) e após os 40 anos para pessoas saudáveis. “A prevenção sempre será o melhor remédio, somado a uma alimentação equilibrada e vida saudável com atividade física”.
Saiba mais sobre o Dr. Lucas Nacif: Médico gastroenterologista com especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e transplantes em geral. Link e www.instagram.com/dr.lucasnacif_gastrocirurgia/
 
                    