A pandemia da covid-19 impactou a obra do consagrado artista plástico brasileiro Roberto Camasmie. Referência há mais de 50 anos por retratar ícones da sociedade paulistana e personalidades como a princesa Diana, Sophia Loren e Catherine Deneuve, ele se sentiu na obrigação de representar a grave situação atual da pandemia em seu trabalho.
Assim, surgiu a tela “Vida sobre Flores”, produzida a partir da técnica de desenho, pintura, colagem e grafite. Alguns elementos da obra, como a figura da musa inspiradora e flores coloridas, podem ser encontrados em outros trabalhos do artista, servindo para Camasmie como uma eterna inspiração.
A novidade da mais recente obra de seu acervo está na aplicação de seringas por toda a extensão da tela, que ilustram a ânsia pela vacinação em massa contra a covid-19. O artista explicou como foi o processo de criação e as técnicas incluídas neste trabalho:
“Para esta ação artística, utilizei a figura de uma diva linda, sonhadora e romântica, repleta de flores, invadida pela luz e pela beleza da vida. Fiz diversas colagens de seringas da vacina, as quais grafitei sobre a face da mulher alegre, repintando-as, novamente, após aplicá-las na tela.”
Embora o resultado pareça, de certa forma, assustador, a obra possui uma estética sensível e delicada e revela a vontade de todos: receber a vacina o mais depressa possível, de acordo com Camasmie. “É o desejo mundial levado para a arte”, ele resume.
O artista plástico revela que, além de inspirar a criação de “Vida sobre Flores”, a pandemia transformou seu processo criativo como um todo. Acredito que não só o meu processo criativo tenha sido impactado, como também o processo criativo do mundo. Com isso, eu pude, inclusive, criar e trabalhar muito mais dentro daquilo que fui sentindo e dessa tristeza toda que o mundo vem atravessando”, afirma.
“Existe o Camasmie antes da pandemia e o após a pandemia. Ou melhor, nem chegou a pós-pandemia ainda porque estamos bem no meio dela”, continua o pintor. Ao detalhar o conceito da obra, ele enfatiza que o sentimento que quer estimular é a esperança.
“A vacina é a nossa esperança e a única verdade que temos atualmente entre a população. Na tela, deixo a minha mensagem sobre este vírus terrível, que transformou a nossa rotina e já levou tantas vidas, mas também reforço que a vacina está vindo para trazer de volta a beleza, a saúde e a alegria”, reforça Roberto.
A obra é individual, mas ele não descarta a possibilidade de criar uma mostra de poucas telas com o mesmo tema, trazendo a seringa, a vacina, a vida e as expectativas para um novo tempo.
“Se pudesse definir esperança, eu diria que é uma força interior que nos faz acreditar em um amanhã melhor. É o que quero transmitir na minha arte e o que espero para o mundo daqui pra frente”, completa o artista.
Créditos: Acervo Pessoal/Divulgação