Para se destacar em uma entrevista de emprego a receita é simples: PREPARAÇÃO. A primeira
impressão do recrutador acontece nos primeiros 90 segundos. Por isso, tudo conta: como você entra na empresa, como fala com a
recepcionista, suas primeiras falas ao responder “foi fácil chegar até aqui?”, seu aperto de mão, a escolha da roupa etc. Essa
percepção do recrutador é subjetiva. Aqui acredito que seja importante ser coerente e ter uma atitude mental positiva.
Quando você realmente quer uma vaga, estar e se sentir pronto é a chave. Um exemplo disso é uma
situação que vivi em 2008, fui selecionada para fazer uma entrevista de emprego na empresa dos meus sonhos, uma vaga de Trainee
Internacional em uma empresa suíça para atuar na área de cafés na América Latina (na época eu morava na França).
Eu li 3 livros: um sobre a
história do café, outro sobre a história contemporânea da América
Latina, e por fim um sobre a cultura dessa organização escrito por um
antigo presidente da multinacional. Eu entrei no site da empresa, li
os últimos 3 relatórios financeiros, que me ajudaram a ter uma
estratégia macro e estrutura dos negócios da empresa. Busquei a história
das TOP20 marcas e li tudo na internet sobre notícias globais daquela
organização. Em paralelo, preparei pelo menos 20 perguntas para as
entrevistas nas quatro línguas que falo. Com isso, constituí dois
documentos: um para as entrevistas e outro sobre dados da empresa.
O retorno de toda essa
dedicação? Recebi o feedback de que nunca haviam visto tal preparo para
uma entrevista. Fiquei muito feliz e desde então adotei essa receita. A
preparação é a chave da confiança e auxilia na gestão do
estresse. Ela não elimina o medo de errar, mas afasta o medo de
fracassar. A preparação equivale a 90% do sucesso do resultado, o resto
é a entrega. Abaixo seguem algumas dicas:
1) Estude a empresa e a vaga
O mínimo que um candidato pode
fazer é estudar o site corporativo e pesquisar sobre valores,
carreira, dados financeiros e estratégicos da empresa. O objetivo aqui é
descobrir o máximo possível sobre como é a empresa. Já
entrevistei vários candidatos que não conheciam nem as marcas da empresa
e a sensação que tive foi de descaso e arrogância. Se a pessoa
não faz isso para seu próprio interesse, quando entrar na empresa irá
repetir esse comportamento.
2) Use seus relacionamentos para obter um panorama atual
Pergunte para as pessoas que
você conhece que já trabalharam ou trabalham na empresa, como é a
cultura da organização, se as pessoas gostam dos seus chefes, como o
erro é tratado. Faça perguntas relevantes e escute ativamente sem
dar a sua opinião. Se encontrar alguém que teve contato com a vaga em
questão, melhor ainda para validar a situação da área, da equipe
e o desafio em si.
3) Se prepare para a entrevista
A pergunta mais frequente em uma
entrevista é “me fale de você”. Essa frase é o fio condutor
da entrevista. O recrutador pode te deixar acabar ou ir te interrompendo
e conduzindo a entrevista a partir da sua fala. Sua resposta deve
ser estruturada e sucinta. Treino os executivos a não passarem de dois a
três minutos.
Gosto de utilizar a metodologia
de acrônimo STAR para estruturar todas as respostas: Situação,
Tarefa, Ação e Resultado. Tarefa é o seu objetivo e Ação é como você fez
para chegar nesse objetivo. Prepare cinco cases de sua
carreira que poderão encaixar nas perguntas mais frequentes: “me conte
um caso onde você precisou convencer os outros”, “me conte
uma situação de conflito e como você fez para sair dela” ou “me conte
seu maior orgulho profissional”.
4) Pense na linguagem corporal
Você já deve ter ouvido falar
que 55% da sua mensagem é transmitida por sua postura corporal.
Apenas 7% da mensagem é feita por meio da fala. A diferença está no tom
de voz e utilização da linguagem. Durante a entrevista, perceba
sua movimentação, se está com os braços cruzados, como está sentado na
cadeira, se está fazendo contato visual com o recrutador. Esses
detalhes são importantes para que você transmita sua mensagem com
coerência.
5) Abrace os desafios inesperados
É comum o entrevistador fazer
uma pergunta fora da caixa com o intuito de desafiar. Isso ocorre
apenas se é uma característica da empresa ou da vaga (exemplo de
vendas). A situação mais inédita que um executivo me contou foi quando
ele teve que responder a seguinte pergunta: “qual a massa salarial do
futebol no Brasil?”. Outro exemplo, como meu currículo indica que
falo inglês, foi quando o entrevistador me fez uma pergunta em inglês no
meio da entrevista em português. Não existe aqui resposta certa
ou errada. Os recrutadores buscam avaliar a sua capacidade de se adaptar
e refletir em uma situação de pressão. Se prepare para isso.
6) Você também está entrevistando a empresa
Lembre-se que esse momento é a
sua oportunidade de entrevistar a empresa. Durante uma entrevista,
você também está dando um passo importante em sua carreira e deve checar
o que lhe atrai naquela vaga ou se empresa corresponde ao que
você pensa sobre ela. Você também está escolhendo a empresa. É uma
seleção dos dois lados. Prepare perguntas relevantes sobre a vaga,
sobre a estratégia da empresa, cheque informações que serão relevantes
para a sua escolha. Lembre-se de refletir sobre as perguntas e
fugir do óbvio.
7) Faça um ensaio dramático
O ensaio é a cereja do bolo da preparação e funciona como o treino no esporte, é um indicador
da sua performance. Na entrevista é igual, você poderá se testar e se colocar em condição real. O ideal é que peça a ajuda de um
amigo ou se tiver um coach que lhe auxilie nessa etapa, procure fazer um ensaio.
8) Garanta seu pós-venda
Muitos candidatos ficam ansiosos
aguardando o contato da empresa. Isso é muito natural e
compreensível. Para minimizar esse sentimento de espera, procure sair da
entrevista com os próximos passos definidos. Por exemplo, a
executiva de RH se compromete em lhe dar uma resposta na semana que vem.
Caso ela não entre em contato, após o prazo estipulado, você
pode cobrar uma resposta (e deve!). Lembre que esse contato é mais uma
oportunidade de reiterar seu interesse. Não desperdice o contato
apenas cobrando um acompanhamento e nem escreva várias vezes
transparecendo uma ansiedade. É como o início de um relacionamento:
demonstrar segurança e autocontrole.
*Luciana
Carreteiro é coach executiva especialista em
desenvolvimento de alta performance para liderança e fundadora da Kyma
Coaching, empresa que apoia executivos e times a potencializarem
suas competências. @lucianacarreteiro
