
Ginasta foi o primeiro sul-americano a subir ao pódio em Campeonatos Mundiais, conquistando o ouro no solo em 26 de novembro de 2005, em Melbourne, Austrália
Há exatos vinte anos, a ginástica artística sul-americana celebra um feito pioneiro: o ginasta brasileiro Diego Hypolito redefiniu a história do esporte ao se tornar o primeiro homem sul-americano a conquistar uma medalha em um Campeonato Mundial de Ginástica Artística. O marco aconteceu no dia 26 de novembro de 2005, quando Hypolito brilhou na final do solo e garantiu a medalha de ouro na competição realizada em Melbourne, Austrália.
A conquista de Hypolito se tornou lendária não apenas pelo ineditismo, mas pelo contexto de superação. O ginasta chegou ao Mundial em um retorno triunfal, após passar cerca de seis meses afastado das competições. Ele havia sido submetido a uma cirurgia para colocar dois pinos após sofrer uma fratura no pé direito.
Lesão que antecede o ouro
Durante uma etapa da Copa do Mundo 2005, em São Paulo, que antecedeu o Campeonato Mundial de Melbourne no mesmo ano, Diego Hypolito quebrou o pé direito, ao vivo, durante a competição televisionada, na frente de 10 mil pessoas no Parque Ibirapuera. A partir disso, o ginasta precisou de cirurgia para colocar dois pinos no tornozelo, e ficou seis meses fora dos treinamentos, passando por um processo de recuperação envolvendo diversas sessões de fisioterapia.
Apesar de estar utilizando muletas, com todo o apoio da irmã e atleta Daniele Hypolito, Diego seguiu treinando os membros superiores e inferiores, pois tinha o desejo de competir na Austrália, apesar dessa adversidade. Após orientação médica, a muleta foi retirada apenas três semanas antes da competição.
Por ter se recuperado da maneira correta, se alimentado adequadamente, estar presente todos os dias no treino, sempre pontual para assistir aos colegas, e ter seguido com o preparo psicológico em paralelo a fisioterapia, como mérito pelo esforço e comprometimento, a Confederação inscreveu Diego Hypolito para a competição na Austrália, permitindo que o atleta competisse naquele ano.
E com apenas uma semana de treino intenso no Brasil, Diego superou as adversidades e expectativas, embarcou para outro continente e alcançou o lugar mais alto do pódio, garantindo o inédito ouro no solo para o Brasil.

Bastidores da competição
Apesar das adversidades que antecederam a ida do atleta para a Austrália, ele ainda conta sobre a sua classificação para a final, que não foi nada fácil. “Quando fui competir eu estava tão bem que as pessoas diziam que não parecia que eu tinha operado o pé direito por conta de uma lesão, mas sim que eu tinha colocado molas, de tão em forma que estava. Eu competi o primeiro dia, fiz toda a minha série e na última acrobacia, eu falhei. Sai com os dois pés do tablado, quase cai, e isso me deixou em 9ª posição. Para as finais individuais, apenas oito atletas passam. Aconteceu de um atleta japonês classificado não ir para a final, e nisso, eu automaticamente me classifiquei, entrei no tablado, competi e me tornei o primeiro campeão mundial da história da ginástica brasileira e sul-americana”, conta Diego Hypolito.
Com a medalha histórica, o ginasta não apenas conquistou um título individual, mas também impulsionou a ginástica masculina a buscar o mesmo prestígio e reconhecimento que a modalidade feminina já havia alcançado no Brasil através de sua irmã, Daniele Hypolito. Ao abrir essa porta, ele pavimentou o caminho para os meninos e inspirou a geração atual de ginastas brasileiros.
Em celebração à efeméride de duas décadas, o eterno ginasta reflete sobre seu legado com orgulho: “Eu não consigo às vezes acreditar como fui forte e aonde Deus me colocou. Em lugares que eram inalcançáveis em minha infância. Pai e mãe trabalhadores guerreiros da roça e com valores que construíram meu caráter. Tenho orgulho do que sou, do que fui e perseverança para o que ainda serei. Eu me sinto um privilegiado por ter sido o primeiro a mostrar que era possível. Aquele ouro não foi só meu; foi a confirmação de que o nosso esporte tinha potencial para ser gigante”, completa Hypolito.
Com a medalha histórica, o ginasta não apenas conquistou um título individual, mas também impulsionou a ginástica masculina a buscar o mesmo prestígio e reconhecimento que a modalidade feminina já havia alcançado no Brasil através de sua irmã, Daniele Hypolito. Ao abrir essa porta, ele pavimentou o caminho para os meninos e inspirou a geração atual de ginastas brasileiros.

Por: Míriam Freitas
@mifreitas.oficial
