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Ingrid Klug fala sobre a vida artística e inspirações

POR JULIANA MORAES
FOTOS: LUKAS ALENCAR
BELEZA: CATY PIRES

O que te motivou a entrar na área artística? Eu não tinha o sonho de ser atriz quando era mais nova! Eu me apaixonei pelo teatro por acaso, foi uma aventura que terminou em casamento! (risos). Acho que o que me motiva a trabalhar na área artística é poder falar sobre vários assuntos de formas diferentes, às vezes ajudar pessoas, levantar questionamentos, estar sempre vivendo outras possibilidades de aparência, de personalidade…

Teve apoio da família? Sempre. A família inteira! Apesar de todas as dificuldades que a profissão oferece, e ver, por exemplo, minha mãe frustrada com a vida de artista em que se ouve tantos “nãos”, ela sempre me apoiou

Já pensou em seguir outra carreira? Já. Todas as vezes em que estava tudo muito difícil eu pensava: será que eu faço outra faculdade? Mas aí dava dez minutos e passava. Acho que eu não faria nada com tanto amor como eu faço arte.

O que mais te inspira na profissão? É a liberdade para criar, para ser, para viver outras vidas, abraçar outros pontos de vista…

Hoje, quais são os principais desafios para viver da arte no Brasil? Todos. Se uma criança faz aula de balé e de inglês, os pais ficam sem dinheiro e precisam eliminar uma das atividades, qual você acha que é? O nosso país não consome arte. É que para a grande maioria, ser artista é trabalhar na televisão. Mas não é só isso, né? A realidade do artista no Brasil é difícil. O nosso povo não tem cultura de frequentar museus, teatros. Se a gente não tem interlocutor, com quem falar, então? Simplificando bem o ciclo, é assim: se não tem consumidor, não gera lucro, aí não tem apoio e aí não acontece. Eu já fiz peça para cinco pessoas. Tem artista que cancela apresentação porque não tem plateia. O maior desafio para viver da arte no Brasil, é se manter perseverante de que alguém vai se interessar pela sua pesquisa, pelo seu trabalho quando não se está na mídia.

Como você se reinventa para viver cada personagem? Depende de cada personagem. Uns parecem mais com a gente e são tipos mais acessíveis, que a gente vê com mais frequência, e outros são mais distantes, então são preparos diferentes! Mas eu sempre estudo muito, procuro referências, pesquiso as profissões, as características, se não tiver nada pré-estabelecido eu crio, e depois passo para a experimentação prática. Eu sempre fui muito curiosa e observadora, então eu sempre presto muita atenção em tudo o que está ao meu redor, em filmes, peças e livros. Isso tudo eu guardo num “baú” interno e uso quando preciso!

Quais suas inspirações no mundo artístico? São muitas! Particularmente eu adoro teatro de revista, o teatro de cabaré, TBC, artistas como Chico Anisio, Marília Pêra, Fernanda Montenegro, Lima Duarte. Acho que tudo o que a gente consome de arte nos inspira. Artes plásticas, cinema, teatro.

Existe alguma personagem sua que tenha te marcado de uma maneira mais especial? Acho que todas marcam de um jeitinho especial, mas última que eu fiz no teatro, a Susan, do musical “[nome do espetáculo]” me marcou porque foi um processo lindo em que conheci pessoas maravilhosas! Graças à Susan, fui indicada ao prêmio do Humor do Fabio Porchat como melhor comediante no início do ano e esse mesmo espetáculo ganhou as categorias de melhor peça e melhor versão desse mesmo prêmio. Com esse musical nós ainda fomos indicados ao prêmio Reverência e ao prêmio botequim cultural. Com o tanto que essa peça/ personagem me presentearam, não tem como não ter um lugar mais florido no coração, né?

Fale um pouco sobre a sua personagem. Em quais pontos você se identifica e se opõe a ela? Antes de qualquer coisa, não posso deixar de citar a Belém, personagem que eu estou interpretando na novela “O tempo não para” como algo marcante na minha trajetória artística. É a minha estreia na televisão e tudo está sendo extremamente especial para mim. Estou muito feliz de fazer uma personagem tão diferente do que eu sou na vida, na trama. Acho que em comum temos a ironia e, talvez, a ambição, mas ainda assim diferente. Ela é sem escrúpulos para alcançar o que quer e eu não consigo ser assim. Sempre penso muito nos outros em qualquer situação. Eu ambiciono muitas coisas na minha vida, mas não teria coragem de passar por cima de alguém para conquistar meus sonhos por mais enérgica que seja essa vontade. Essa ambição é saudável, sabe? Tipo ser escalada para fazer uma protagonista de novela, por exemplo. Posso acompanhar o trabalho dos protas da novela (que estão arrebentando!!!), e vejo como é difícil é trabalhoso. Mas como eu adoro desafios, eu topo! Alô, galera, já dei a deixa, agora é só chamar! (risos). Brincadeiras à parte, me acho bem diferente mesmo. Não sou combativa, certinha, posuda… até nas coisas mais superficiais como o jeito de se vestir, a forma como usa o cabelo, a maquiagem, somos diferentes. Mas isso não me impede de estar feliz demais com essa personagem! Aliás, com a Belém eu estou feliz em todos os aspectos. Na tv, cada desafio me entusiasma muito!

Qual o trabalho dos sonhos? O meu! Então não é mais sonho, né? Já virou realidade! (risos)

Tem algum papel que você queira muito viver um dia? Sim! Uma assassina! Ou uma mocinha bem meiguinha. Normalmente a gente é escalado por perfil e isso envolve nosso biotipo. Como sou gordinha, eu nunca sou nem cogitada para esses tipos de papéis, o que é uma grande bobagem já que a história da personagem nem sempre está ligada à nossa aparência. Alô, galera! Já fica aí outra dica! (risos). Estou demais hoje, muito cheia de dicas!

É muito ligada à moda? Como define seu estilo? Sou ligada à moda, mas gostaria de ser mais! Meu estilo é muito variante. Tem dia que eu acordo meio hippie, tem dias que eu estou patricinha de Beverly Hills, tem dia que eu estou no clima festa do pijama… Depende do humor!

O que você espera da sua carreira daqui pra frente? Espero que mais portas se abram. Quero continuar fazendo televisão porque estou num relacionamento sério com esse veículo. Gostei mais de trabalhar com vídeo do que eu imaginei, então pretendo continuar indo por esse caminho.

Quais os planos para o futuro? Ano que vem a peça “[nome do espetáculo]” que eu falei aqui, volta aos palcos. Estou ansiosa! Estou dando início também ao processo de pesquisa do meu monólogo e espero que saia em 2019! Vamos torcer!

Como é a Ingrid no dia a dia? É uma Ingrid brincalhona 90% do tempo, que procura não se estressar com bobagens, que é teimosa, perfeccionista, canta o dia todo, persistente, que vai pra academia, adora comer doce, viaja, está sempre com pessoas ao redor, ama carnaval, samba, que ama animais e que faz tudo-agora-aqui-nesse-minuto ao mesmo tempo!

PING PONG

Signo: Áries

Uma qualidade: bom humor

Um defeito: teimosia

Sua atividade favorita: dançar

Seu cantor favorito: Roberto Carlos/ Vinicius de Moraes/ Chico Buarque/ Bruno Mars/ Caetano Veloso

Sua cantora favorita: Mariene de Castro/ Amy Winehouse/ Elis Regina/ Maria Bethânia

Sua inspiração: Vera Holtz

Uma cor: verde

Uma frase: pode ser um poeminha do Quintana?

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente, em busca da 

ventura,

Procede tal e qual o avozinho infeliz: 

Em vão, por toda parte, os ósculos procura

Tendo-os na ponta do nariz! 

Um animal: Cachorro/macaco

Quem você gostaria de ser se não fosse você? A Beyoncé (risos)

E onde viveria? Num castelo da Disney bem princesa (risos)