Mogadício, capital da Somália, foi alvo de um ataque terrorista no sábado (14) que deixou mais de 300 mortos, o pior da história do país, que está em guerra civil há mais de 20 anos. A falta de atendimento adequado às vítimas agrava a situação de um país cuja história é ligada à guerra, ao terrorismo do Al Shabab, à pirataria no Oceano Índico e à seca extrema que faz com que 6,7 milhões de pessoas, metade do país, precisem de ajuda humanitária urgente.
Dessas, 275.000 crianças sofrem de desnutrição aguda severa, o estado mais perigoso, aquele que as coloca à beira da morte. A ONG Save the Children atende essas crianças e suas famílias em hospitais e em campos de refugiados.
Se a situação não melhorar, o país enfrentará sua terceira declaração de estado de fome, após a de 1992 e a de 2011 que deixaram milhares de vítimas.
Foram dois ataques em sequência na capital da Somália. No mais mortal, um caminhão carregado de explosivos foi colocado em uma esquina movimentada do coração de Mogadíscio próximo a um caminhão de combustível, o que aumentou o poder de destruição.
Uma bola de fogo varreu quarteirões inteiros. A explosão atingiu hotéis, embaixadas, prédios do governo. Destruiu centenas de veículos.
A segunda explosão foi em um mercado. O ataque deixou centenas de feridos, muitos deles com queimaduras gravíssimas.
Dezenas ainda buscam parentes desaparecidos após o ataque do sábado. Caos no atendimento dos feridos é só uma faceta das agruras em que o país está mergulhado, com a volta com força da pirataria, o terrorismo, a seca e a fome aguda.
Os hospitais ficaram lotados, sem remédios ou estrutura para atender a todos. Cerca de 70 feridos graves foram transportados de avião para Turquia. A ONU chamou o atentado de revoltante e disse que está ajudando o governo somali.
Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque, mas o governo da Somália acusa o Al-Shabab pelo atentado. O grupo terrorista ligado à Al-Qaeda briga para dominar o país, que vive em uma guerra civil desde a década de 1990.
O Al-Shabab já chegou a controlar o Centro e o Sul do país, mas foi expulso das principais cidades. Desde então vem fazendo ataques a civis e aumentando o tamanho e o poder de suas bombas.
O atual governo da Somália é reconhecido pela ONU e apoiado pelos Estados Unidos. No começo de 2017, americanos e somalis anunciaram que iam reforçar as ações militares contra os extremistas. Em resposta, o Al-Shabab anunciou que ia aumentar os ataques. Agora, os Estados Unidos classificaram o atentado como “covarde” e disseram que estão prontos para aumentar a ajuda militar à Somália.
Fonte: El País e Jornal Nacional/G1
Foto: Feisal Omar (REUTERS)