PUBLICIDADE

saúde

Para entrar com o pé direito nas estações mais quentes e curtir o sol sem riscos, o fotoprotetor é o companheiro mais importante que podemos ter. No entanto, é necessário também ficar atento aos sinais que aparecem no corpo, principalmente as pintas (nevos melanocíticos), considerados potenciais precursores do melanoma – o tipo de câncer de pele com o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), apesar de não ser o mais frequente câncer de pele, no ano de 2019 são estimados 2.920 casos novos em homens e 3.340 casos novos em mulheres. “Embora o melanoma possa estar ligado a herança genética, fatores ambientais como a exposição solar  influenciam no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos. Por isso, é importante ficarmos atentos ao aparecimento e mudanças de pintas através do autoexame da pele. O excesso de exposição solar promove mutação no DNA das células da pele que passam a se multiplicar de forma desordenada”, afirma o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

De acordo com o médico, as pintas são pequenas manchas marrons regulares na pele, salientes ou não. “De forma geral, a maioria das pintas possui um formato regular. Mas existem as pintas atípicas (ou nevos displásicos), não usuais que podem parecer um melanoma. As lesões são maiores, irregulares no formato e possui vários tons”, afirma o médico. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, pesquisas afirmam que pessoas com dez ou mais nevos displásicos possuem 12 vezes mais chance de desenvolver o melanoma, tipo mais agressivo de câncer da pele.

 O cirurgião plástico explica que, no autoexame da pele, é necessário estar atento à regra ABCDE. Para diferenciar a presença de nevos displásicos e as pintas normais, é feita a regra A (assimetria), B (borda irregular ou mal deliminada), C (cor variável), D (diâmetro maior que 6milímetros) e E (evolução anormal). “A assimetria é vista quando dividimos em dois lados e eles são diferentes. A borda irregular de uma pinta é notada quando ela não tem um formato definido (as normais são redondas). Quanto à cor em pintas suspeitas, ela tem tons mais escuros e mais claros na mesma lesão. E com relação à evolução anormal, pode ser uma modificação com crescimento, ou alteração da cor e formato ou então coceira ou sangramento”, diz o médico. “Se alguma pinta apresentar qualquer uma das alterações, procure um médico para esclarecer a necessidade de remoção cirúrgica ou não”, diz. As principais dicas para o autoexame são:

  • Examine seu rosto, principalmente o nariz, lábios, boca e orelhas.
  • Para facilitar o exame do couro cabeludo, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se houver necessidade, peça ajuda a alguém.
  • Preste atenção nas mãos, também entre os dedos.
  • Levante os braços, para olhar as axilas, antebraços, cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho de alta qualidade.
  • Foque no pescoço, peito e tórax. As mulheres também devem levantar os seios para prestar atenção aos sinais onde fica o soutien. Olhe também a nuca e por trás das orelhas.
  • De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção os ombros, as costas, nádegas e pernas.
  • Sentada (o), olhe a parte interna das coxas, bem como a área genital.
  • Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos, bem como a sola dos pés.

De acordo com o médico, um adulto jovem possui entre 10 e 20 pintas, elevadas ou não, com formato simétrico, borda regular, cor uniforme e diâmetro menor que 6mm. “As pintas concentram-se mais nas áreas expostas ao sol. Pacientes de pele clara, com familiares que já tiveram câncer de pele e que tenham mais de 50 pintas devem atentar-se ainda mais aos sinais”, diz o médico. “Além disso, pintas que surgem próximas a tatuagens ou na palma da mão e sola do pé são mais preocupantes e geralmente devem ser retiradas”, explica o Dr. Mário.

Quando o paciente, após o autoexame, detectar algum sinal suspeito, ele pode procurar um dermatologista ou cirurgião plástico, que poderá indicar o paciente para cirurgia. “O procedimento cirúrgico é realizado com anestesia local e a pinta é retirada e enviada para análise. Logo em seguida, a incisão é fechada com pontos”, diz o médico. “No caso de um melanoma avançado, que já se espalhou para outras partes do corpo, as opções de tratamento incluem quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, ou cirurgia. A resposta ao tratamento, nestes estágios mais avançados, é muito variável”, enfatiza.

            Por fim, o médico esclarece que embora o diagnóstico de melanoma normalmente possa trazer medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença, segundo a SBD. “Por isso, a realização do autoexame dermatológico é fundamental”, finaliza o médico.