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deu babado

A violência contra a mulher é tema no núcleo principal de “O outro lado do paraíso”, com o casal protagonista Clara (Bianca Bin) e Gael (Sérgio Guizé), mas não será o único foco de debate promovido pela próxima novela das nove da Globo. Assuntos como nanismo, racismo, homofobia, assédio moral, abuso sexual, frigidez, impotência sexual e prostituição também serão retratados na obra de Walcyr Carrasco, por meio de outros personagens.

Tema nunca antes abordado em novelas, o nanismo promete ser um dos que mais vão dar o que falar. É que Sophia rejeita com todas as forças e maltrata a caçula Estela (Juliana Caldas), por ela ter nascido com a deficiência física. A moça é enviada à Europa pela mãe rica com a desculpa de que se aprimore nos estudos, mas na verdade o que a megera quer é escondê-la de seu convívio social, nas altas rodas de Palmas. Para ela, esta filha é uma vergonha.

— Eu fiquei completamente apaixonada pelo tema e fui pesquisar, é um assunto novo para mim também. Existem as mães que rejeitam seus filhos com nanismo, sim, de forma muito cruel até. E tem aquelas como a da Juliana, que a aceitou e estimulou muito. Por exemplo: uma das cobranças que Estela faz a Sophia é ela não ter adaptado a casa em seu benefício. Minha personagem não fez essa adaptação por rejeição mesmo, já a mãe da Juliana deu a ela uma explicação muito bonitinha: “O mundo não vai se adaptar a você, você é que tem que se adaptar a ele”. Foi a maneira construtiva que ela teve para lidar com essa questão — detalha Marieta, empolgada com a função social da trama: — Eu gosto das utilidades públicas! Gloria Perez está arrebentando em “A força do querer” com a história do transgênero. Imagina quanta gente não está sendo tocada por isso!

Durante a preparação do elenco, antes das gravações nos Estúdios Globo — que terão início essa semana —, Mauro Mendonça Filho estimulou Marieta a externar sua porção mais cruel, cara a cara com Juliana.

— No processo dos ensaios, eu incentivei: “Vai, agride mesmo!”. Marieta soltou tudo, colocou para fora o que a personagem sentia. E ficou péssima depois, aos prantos, porque xingou de verdade a menina. Para ela foi chocante, porque é uma dama. Marieta é sempre muito gentil e faz vilã como ninguém, não sei como ela consegue — revela o diretor, enaltecendo: — Essa é uma grande sacada do Walcyr! O anão sempre é tratado pela vertente do humor, da caricatura. Juliana disse que todos os amigos dela de baixa estatura estão loucos para se verem retratados na novela.

O racismo será retratado por meio da trama da atriz Érika Januza. Ela vive Raquel, uma jovem do quilombo que tem o sonho de ir estudar na capital. Incentivada pela família, ela chega a Palmas e, para se sustentar, arruma emprego na casa do juiz Gustavo (Luis Melo) e sua mulher, Nádia (Eliane Giardini). O casal da alta sociedade é extremamente preconceituoso, e não vai aceitar o relacionamento de Raquel com um de seus filhos, Bruno (Caio Paduan).

— Já pensou o que é ser negro e ser olhado como inferior todo dia só por conta da sua cor de pele? Eu não consigo entender, juro. Somos o último país do mundo a abolir a escravatura. Que vergonha! — enfatiza Maurinho.

O racismo será retratado por meio da trama da atriz Érika Januza. Ela vive Raquel, uma jovem do quilombo que tem o sonho de ir estudar na capital. Incentivada pela família, ela chega a Palmas e, para se sustentar, arruma emprego na casa do juiz Gustavo (Luis Melo) e sua mulher, Nádia (Eliane Giardini). O casal da alta sociedade é extremamente preconceituoso, e não vai aceitar o relacionamento de Raquel com um de seus filhos, Bruno (Caio Paduan).

— Já pensou o que é ser negro e ser olhado como inferior todo dia só por conta da sua cor de pele? Eu não consigo entender, juro. Somos o último país do mundo a abolir a escravatura. Que vergonha! — enfatiza Maurinho.

Dentro de casa, Laura (Bella Piero) também vive um drama. Filha de Lorena (Sandra Corveloni) e enteada do delegado de Palmas, Vinicius (Flávio Tolezani), ela é uma moça introspectiva, frígida, que não se sente confortável na presença do padrasto. Mais para frente, o público vai descobrir que Laura sofreu abusos sexuais no passado.

Elisabeth (Gloria Pires) vai sofrer outro tipo de assédio: o moral. Casada com Henrique (Emílio de Mello), um alto executivo prestes a se tornar embaixador nos Estados Unidos, ela é uma mulher de origem pobre e, por isso, não aceita pelo sogro, Natanael (Juca de Oliveira). Por acreditar que Beth atrapalha a ascensão da carreira do filho, o senhor maquiavélico não vai matá-la, mas armará um plano sórdido para tirá-la da jogada.

Temática das mais badaladas e ainda polêmica em novelas, a homossexualidade será, curiosamente, retratada em “O outro lado do paraíso” por dois vieses: haverá o gay afetado e bem-resolvido e o homofóbico.

— Fábio Lago é Nicácio (ou Nick), o gay pobre do Nordeste que apanha e depois se torna um grande cabeleireiro no Rio. Ele é quase uma mulher, refere-se a si mesmo no feminino.

Já Samuel (Eriberto Leão) é um psiquiatra que não se aceita como é. Ele se casa com uma mulher belíssima, Suzana (Ellen Rocche) para tranquilizar a mãe, mas não consegue transar com ela, simplesmente porque gosta de homens — detalha Maurinho, complementando: — Hipocrisia é dramaturgia. Eu e Walcyr adoramos detectar uma hipocrisia e apontar o dedo para ela. Jogamos luz sobre os assuntos sem levantar bandeiras, sem precisar de um discurso panfletário. Eles vão eclodindo naturalmente, seduzindo o público, movimentando a sociedade. É isso que a gente espera.

Aos 87 anos, Lima Duarte não esconde a felicidade em poder contracenar, mais uma vez, com duas grandes amigas de sua faixa etária: Fernanda Montenegro, também de 87, e Laura Cardoso, que completa 90 anos no próximo 13 de setembro. Mercedes e Caetana (esta, dona de um bordel no Tocantins), respectivamente, vão disputar o amor de Josafá.

— Elas brigam por minha causa, vejam só! Somos velhos, mas interessantes — afirma Lima, já sugerindo ao autor um novo debate no horário nobre: — Que tal falar do preconceito mais cruel de todos, que é o contra a velhice? Que velho não vale nada, é inútil, um peso para a sociedade… De vez em quando, ouço: “Puxa, como ele ainda anda bem! Ainda está de pé!”. Só sabe como é terrível estar nesta idade quem a tem.

Fonte: Extra

Foto: Divulgação