Por Denise Prado
Mudar de profissão, fazer novas escolhas, abrir mão da zona de conforto, recomeçar, se reinventar depois de ter uma profissão estabilizada, não é fácil, é uma decisão de coragem e como ter coragem é agir com o coração, a produtora, mãe, avó e mulher de fibra Vanise Prado, 50 anos e carioca da gema se tornou pipoqueira.
Uma história cheia de aventuras, pois o mercado de eventos seja artístico, cultural ou corporativo é uma maratona de desafios constantes, onde a produção é sempre responsabilizada por quaisquer coisas que aconteça , esquecendo muitas vezes da sua própria vida para que tudo saia de acordo com a expectativa do cliente e do público. Mas esses desafios trazem muitas adversidades, conflito interior e desejo de mudar.
Foi o que aconteceu com Vanise que em 2013, após trabalhar no “Vivo Open Air” como produtora, e ter contato direto com o universo da pipoca, se encantou, e inspirada, partiu para entender como funcionava esse mercado que até então era conhecido apenas pelos carrinhos de pipoca que encontrava na frente dos cinemas, nas praças e ruas da cidade.
A pesquisa foi fundamental e a determinação mais ainda, inicialmente teve que enfrentar o preconceito da família e de alguns amigos que não se conformavam pela sua escolha de mudar de produtora de eventos para pipoqueira, mas ela estava absolutamente convicta de que a pipoca lha daria a tranquilidade e a prosperidade que almejava.
“Fui pesquisar, e percebi que todo dia tem evento, aniversários, festas e que a pipoca cabe em todos eles. Fui estudar as diversas maneiras que poderia utilizar a pipoca em todos esses eventos, fosse um casamento chique, lançamento de produtos, lançamento de livros, filmes, enfim um mundo a ser explorado. A primeira coisa era descobrir a matéria prima ideal: o melhor milho e a melhor manteiga para que a minha pipoca tivesse um diferencial. Depois fui atrás de como apresentar a minha pipoca de forma lúdica onde a cada evento pudesse personalizar e construir uma experiência. Busquei um fornecedor que estivesse há bastante tempo no mercado e que me oferecesse um carrinho lúdico e ao mesmo tempo eficiente e prático na quantidade de pipoca que poderia ser produzida. Foi uma pesquisa demorada e cuidadosa e eu não tinha prática nenhuma, só sabia que queria aquilo.”
Ouço a história e vou ficando encantada e me divertindo muito com as gargalhadas que Vanise solta enquanto conta as suas aventuras. “Comprei os carrinhos sem pensar em como transportá-los, e no meu primeiro contrato, tinha as pipoqueiras, os carrinhos, tinha equipe, tinha os insumos, mas não tinha o transporte. Foi uma correria, e parti para alugar um veículo que coubesse às pipoqueiras, não era um carro simples, pois tinha que ser utilitário e tinha que caber tudo. Não me deixei pensar, fui lá fiz e me senti agradecida por ter conseguido usar a experiência que a profissão de produtora me deu, e orgulhosa por estar aplicando no meu negócio.”
Vanise é carioquíssima, ontem estivemos juntas no evento Rio Gastronomia e ela em um momento em frente daquela vista linda da Baía de Guanabara solta essa frase: “Eu amo o meu Rio de Janeiro. É aqui que quero viver. Que cidade linda”. Puro encantamento.
Pergunto como ela chegou ao ponto certo da pipoca: “Primeiro li muito, e descobri que tinha diversas formas de servir a pipoca, além da doce e salgada. Poderia ser acrescentados outros temperos que personalizariam as salgadas e várias guloseimas que além da doce caramelizada fariam a diferença. Fiz um curso de Pipoca Gourmet em São Paulo, e uni a minha criatividade à técnica que aprendi, desenvolvendo a minha Pipoca Bar.”
A Pipoca Bar foi servida na Casa Qatar durante a Olimpíada em 2016, no Rio de Janeiro.
“Fui chamada para distribuir a pipoca salgada, mas a casa Qatar merecia mais, já que por ali passariam convidados especiais. Pesquisei sobre o Qatar e descobri que eles amavam temperos. Então por minha conta e risco levei a Pipoca Bar, com temperos salgados como o azeite com ervas finas e pimenta, sal do Himalaia, alho frito, queijo ralado, orégano e sal temperado e nas doces, leite condensado, calda caramelizada, confetes, coco ralado, granulados de chocolate. Nem sabia se os doces agradariam, mas sabia que no evento iriam convidados brasileiros e com crianças, assim arrisquei e deu super certo. O mais legal, é que eu fui convidada para fazer um dia apenas, mas o Sheik do Qatar gostou tanto que no dia seguinte pediu para a produção me chamar de volta e aí fiquei até o final da temporada. No meio do caminho, também fui chamada para colocar um carrinho no Boulervard Olímpico ao lado do Museu do Amanhã, lá era venda normal e só pipoca salgada. Trabalhamos muito e foi um sucesso. Quando o cheirinho da pipoca saindo quentinha exalava a fila ficava grande. Em ambas as situações eu atendo com a mesma qualidade na minha matéria prima. O que mais amo, é ver as pessoas saboreando a minha pipoca, voltando e querendo mais.”
//www.facebook.com/VayPipoca/videos/724439737697449/
A pipoqueira Vanise, tem um time de mulheres que são suas fiéis escudeiras e que no Rio Gastronomia distribuíram em oito dias de evento nove mil sacos de pipoca, mais de mil sacos por dia com apenas dois carrinhos. “Como eu já estive do outro lado, já fui produtora, já atendi clientes e já tive que chorar para fornecedor diminuir custos, hoje, como fornecedora, não quero que o meu cliente precise fazer a mesma coisa.
Vanise no meio do turbilhão de orçamentos e compras, ainda encontra tempo para cuidar da sua família, cuida dos seus netos Atila e Olívia e diz que seu desejo é ser A mais Influente inspiração para todas as Mulheres que acham que não podem mudar a suas histórias.
Fotos: Arquivo Pessoal