Há sete anos Alessandra Negrini tem um mesmo compromisso: calçar um par (o mesmo) de botas até as coxas, vestir uma fantasia confortável, divertida e cheia de referências, adornar os cabelos naturalmente castanhos escuros e compridos com algo que remeta à uma coroa e se jogar no glitter e purpurina. Neste domingo não será diferente.
Não tem essa de se guardar para quando o carnaval chegar. É no pré-carnaval que a atriz se torna uma foliã das mais ativas. Tanto que mantém a longevidade de sua majestade no posto de rainha do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, de São Paulo, um dos maiores (bateu 1 milhão de pessoas em 2019) do Brasil.
“É com muita honra que carrego essa coroa na cabeça!”, avisa a paulistana da gema.

Alessandra se juntou ao bloco em 2013, ainda numa fase mais tímida, sem fantasia elaborada ou holofotes. São Paulo ainda não tinha se voltado para o carnaval de rua.
“É um bloco ativista, sempre lutamos para estar na rua, abrir caminhos. Lutamos pelo carnaval de rua, pelo direito de ocupação da cidade. .Levantamos a bandeira da diversidade, da liberdade e da inclusão. Antes do Baixo Augusta não havia o desfile na rua da Consolação, por exemplo, fomos pioneiros em muita coisa”, justifica sua paixão pelo bloco: “A nossa história se confunde com a do crescimento do carnaval de rua de São Paulo, que era pequeno e agora é um dos maiores do Brasil . Nos orgulhamos muito disso”.

Como se vê, a rainha não é apenas uma alegoria nessa festa. Dia desses, ela parou o metrô paulistano para fazer fotos com fãs que lotaram as redes sociais elogiando Alessandra, acessível e participativa.
A atriz/rainha virou ainda uma espécie de símbolo para o público LGBT, que lota e se sente acolhido no bloco. “É muito lindo ser querida pelo público, sinto isso quando estou lá em cima do carro. Sinto o amor das pessoas, por isso continuo. E dá trabalho, viu? Não pense que é fácil!“, avalia.

Desfilar numa escola de samba não lhe atrai tanto quanto o carnaval de rua. Rainha de bloco, ok. Mas na Avenida? “Acho que não, não tem a ver comigo”, diz a atriz, que desde a infância e adolescência costuma brincar o carnaval: “Eu passava carnaval em clube, não tinha carnaval de rua. Hoje, a gente tem muito mais opção!”.

Em agosto, a rainha completa inacreditáveis 50 anos sob as bênçãos do amigo tempo e de uma boa dose de autoconhecimento: “Malhar e comer bem é o básico. Mas sem o pensamento, sem usar a cabeça, sem atenção para a vida, nada adianta. Um dia eu ouvi de um mestre: ‘se esforce, mas se esforce mesmo, por você’. E é isso o que eu procuro fazer por mim, me esforçar e estar aberta para vida”. Alguém duvida de que ela não está se esforçando?






As informações são do Extra.