Quando as mulheres se juntam tudo pode acontecer, e a comprovação disso é que duas mulheres, uma em São Paulo – Brasil – e a outra na Capadócia – Turquia -, com histórias de vida absolutamente diferentes, se atraem por terem um objetivo em comum: inspirar e promover a autoestima em mulheres que, por circunstâncias diferentes, se encontram com a sua autoconfiança abalada, seja porque tem ou tevê um câncer de mama ou porque culturalmente não podem se expor, mostrar seus talentos e terem a sua independência financeira através do seu trabalho.
São as mulheres da Capadócia que, por debaixo de suas burcas, tentam burlar essa limitação imposta por sua cultura.
De um lado Daniele Meggiato:
“A ideia nasceu da vontade em encontrar produtos diferenciados para um público exclusivo. Na minha procura, me encantei com a beleza das peças produzidas na Capadócia e achei interessante trazer um produto que remetesse a paisagens estonteantes, agregando ainda mais valor a minha marca, com alto padrão e feito de forma sustentável, handmade.
“Me chamou atenção uma foto especificamente: Uma senhora sem cabelos usando um belo colar, achei de extremo bom gosto. Encontrei e tive a oportunidade de conversar com a Giulia, a designer das peças. Ela me contou que aquela senhora era a sua mãe que estava com câncer e fazendo sessões de quimioterapia. Minutos de silêncio e um filme passou na minha cabeça…. Pensei… Porque eu não dei um colar daquele pra minha avó? O sorriso daquela mulher é cheio de vaidade, ela está se sentindo especial, ela está se sentindo viva!!! A minha avó, como muitas mulheres, perdeu a auto estima, a vaidade já não importa mais porque, além de não se sentirem belas, de certa forma, não se sentem nem vivas e começam a se entregar para a dor e a doença.
“O que a minha avó ganhava todos os dias no hospital? Terço! Só lhes restam rezar? Não! Eu quero recuperar toda beleza perdida, trabalhar a auto estima dessas lindas mulheres que vão se olhar no espelho para se admirarem novamente! Isso é viver, isso é se amar. Se amar a todo momento, independentemente do tratamento.
“Vamos transformar cuidadosamente a vida dessas mulheres e motivá-las a lutar, não só por um mês, e sim, por uma Vida Cor de Rosa, a vida é uma “Joia”, enxerguem-se com toda plenitude que lhes cabem.
“Sobre sustentabilidade + calendário sustentável com fotos de mulheres em tratamento para cura; Sobre Feminismo + Capadócia + igualdade social + vídeo mostrando dia a dia das turcas e as conquistas até ali com o seu trabalho + conscientização, movimento, para que todas as mulheres do mundo sejam tratadas nas mesmas condições e possuam os mesmos direitos, quebrar padrão, conquistar espaço. Somos a maioria e temos que nos ajudar a usar a força que temos a nosso favor.
“‘Mexeu com uma, mexeu com todas’, #chegadedesigualdadegeneros. Há muito que fazer, então, vamos batalhar para um futuro com equilíbrio.”
É de arrepiar ouvindo a Daniele falar, dá uma vontade danada de se envolver imediatamente. E assim, logo uma legião de pessoas com a mesma energia começa a ser atraída por essa emoção que vai contagiando um a um e, lá na Capadócia, Giulia recebe essa energia, se encanta, se assemelha e se rende, sente que elas são cúmplices em seus desejos:
“Difícil saber por onde começar, tudo que tenho pra contar e tudo que me conecta com esse projeto, mas como ainda estamos na fase de apresentações, devo começar contando um pouco sobre o que me levou ao projeto Yasha. Sempre fui apaixonada pela Turquia e pela cultura da Anatolia (região asiática da Turquia), foi um caminho da minha vida que não tive como escapar, morar aqui enche minha saciedade por diversidade visual!
“Estou aqui há uns meses e, sem saber como tocar minha vida profissional por aqui, segui trabalhando a distância com projetos de interiores no Brasil, mas queria algo que me conectasse com esse lugar no âmbito profissional. Então, em uma das viagens de minha mãe pra me visitar, ela foi sozinha a Capadócia com uma amiga e, quando voltou, me trouxe um presente! Lembro até hoje, como eu fiquei feliz e fiquei impressionada quando recebi meu presente. Eu não sou uma pessoa consumista, nunca liguei pra marcas ou moda, mas foi paixão a primeira vista! Não tive como escapar, vi ali uma oportunidade!
“Voei ate a Capadócia, encontrei as artistas e, sem nenhum planejamento, fiz uma compra enorme de produtos pra trazer para o Brasil. Elas pareciam um pouco desconfiadas de mim, venderam tudo caro e sem muita abertura. Foi o primeiro passo. No centro disso tudo, estava minha mãe, que além de ter descoberto as artistas, é a a pessoa que mais acreditou nesse projeto. Ela entendeu a minha vontade de conectar e gritar pro meu país tudo que essa cultura tem de bom.
“Ela estava passando por um processo de descoberta de câncer e início de quimioterapia quando decidimos apostar no projeto. Ver a minha mãe simplesmente não dando a mínima pra a situação dela, e simplesmente fazer de tudo pra ver a Yasha nascer foi realmente lindo! A Yasha a ajudou naquele momento, e ela ajudou a Yasha no momento dela. Fizemos nossa marca, embalagem, site, fotos das peças, organizamos uma festa de lançamento, fizemos comida turca, contratamos dançarinas, re-decoramos a nossa casa, tudo em menos de 2 meses! Tudo sem grana e no improviso.
“O resultado? Vendemos bem, pro número baixo de pessoas, mas a energia e o amor das pessoas pelas peças fez a gente entender como essas peças são especiais. Quando contei a elas sobre a história do produto e a história dessas mulheres, a relação com o produto passou a ser mais pessoal. Dando mais um motivo à elas de efetuar a compra.
“Essas mulheres são todas casadas, donas de casa e muçulmanas. Elas casaram com 15-16 anos de idade e vão viver a mesma vida até a velhice. Na Turquia, especialmente no interior, a estrutura familiar é algo bem importante e certo na vida de todos aqui. Eles até casam com primos pra continuar a própria família. As mulheres dessa região da Capadócia, no centro da Turquia, fazem tudo em casa, tudo orgânico, tem seus animais, e pouco compram de supermercados. As mulheres não trabalham fora, mas claro, aos poucos isso está mudando aqui, mas essas artistas cresceram nessa realidade, onde a mulher é, antes de tudo, dona de casa, cozinheira (muitas vezes pra família toda) e mãe.
“Essas artistas não estudaram, não falam inglês e pouco sabem de tecnologia. Mas elas sabem o valor desse trabalho e querem, como nós, fazer dessa arte um negócio. São duas as mulheres que viram desse hobby um negócio e, pelo fato delas terem maridos mais liberais, conseguiram empreender. Elas organizaram todas as artistas da cidad, essas que não podem trabalhar fora, fazem as peças de casa, entre panelas, e as duas mais livres cuidam da parte da venda e comunicação.
“É um projeto que dá muito orgulho de representar, que alcança tantos pontos sociais… É um projeto que representa o valor da arte manual, o valor dos pequenos empreendedores, incentiva e empodera nós, mulheres, em tantos sentidos e em diferentes lugares do mundo. Vejo de nossa parceria uma linda oportunidade de apresentar essa arte linda de uma maneira mais representativa para o nosso Brasil”.
E, assim, essas duas mulheres, Daniele e Giulia, se uniram para se tornarem As Mais Influentes em prol dessa causa linda e promovendo dia 8 de junho, às 20h um evento onde, através de um desfile com as peças da Capadócia, música, a apresentação do Side Show Mulher de 50 pode… e um menu degustação especialmente preparado, que visa mostrar a força imbatível das mulheres que vencem seus desafios se superando a cada dia.
Parte da renda arrecadada com a venda dos convites e das peças expostas serão revertidas para o Hospital Pérola Byngton e para o projeto Yasha.
Serviço:
Local: Restaurante Flores na Varanda – Rua Camilo, 555 – Pompéia – SP
Data: 08 de Junho de 2017
Horário: 20h
Valor do Convite: R$ 70,00 com o Menu Degustação incluso
Capacidade do Local: 100 pessoas
Informações: 11 – 2212.2112 ou 11 – 97806.6411
Email: mulherde50pode@gmail.com
Fotos: Arquivo Pessoal