Quando a mulherada resolve se juntar não tem prá ninguém e se uma mulher começa um movimento onde o ideal é promover ações ligadas ao meio ambiente, a natureza, ao artesanato, a culinária e principalmente ao resgate da sua autoestima e história, aí não tem prá ninguém mesmo. Foi assim que uma mulher, cansou do corre corre do dia a dia e decidiu ir em busca de algo maior, algo que falasse com a sua alma, com a alma das pessoas. Sandra Marques, 59 anos, Paulistana, psicóloga e cheia de vontade de se reinventar e inspirar pessoas criou a Assuma Sustentabilidade. Um lugar de encontro onde mulheres que estavam apenas vendo a vida passar através das suas vidas corriqueiras, descobriram que podem mais, que podem ir além da fronteira de suas casas.
A Assuma foi criada em 2014 a partir da necessidade e importância de se resgatar, preservar e valorizar a história, tradições e habilidades da comunidade, através do convívio social e da participação do cotidiano artístico, cultural e educacional de Joaquim Egidio, um Distrito da Região de Campinas em São Paulo. O espaço, conta com um incrível quintal de 750m² com cinquenta tons de verdes, horta, canteiros e várias espécies de plantas aromáticas e flores que proporciona contato direto com diferentes aspectos da natureza através da exploração de todos os sentidos.
Pergunto a Sandra como foi a sua jornada desde que começou a sentir essa vontade de mudar. “Morei dezesseis anos no Rio Grande do Sul, a minha família é Paulistana, passei três anos viajando e na volta não deu para ficar mais no Rio Grande do Sul, e eu não me adaptei mais a loucura de uma grande cidade, estava procurando um lugar no interior de São Paulo. Eu estava buscando essa qualidade de vida, de olhar para o horizonte e ver as estrelas no céu à noite, os planetas que brilham mais, respirar melhor. Toda essa condição de qualidade de vida de ser sustentável e não esgotar a natureza como a metrópole faz e esquece-se de como é bom o silêncio”.
No mesmo local funciona A Cabrita Café, um Espaço Multicultural onde acontecem diversas manifestações artísticas, como shows, cinema ao ar livre, tertúlia literária, oficinas onde as mulheres Egidienses, resgatam sabores locais tornando-as fornecedoras de produtos que são vendidos no Café. Mas caminhando por lá vi outras artes, como a marcenaria, que restaura móvel e até os moderniza, como uma cadeira de colégio que foi totalmente trabalhada através de bordados e tecidos, luminárias feitas de sucatas ou sobras de materiais, artesanato local e até um brechó muito simpático com peças de dar água na boca.
A Cabrita Café tem esse nome em homenagem a Maria Fumaça que percorria o ramal Férreo Campineiro em bitolas estreitas, no início do século passado, como demonstra a pintura na parede da sala onde um chá de hortelã colhido ali na hora é servido com uma típica empada local de deixar a gente em êxtase.
Sandra conta que há muitos anos atrás Joaquim Egídio era ponto de encontro de atrizes, atores e diretores, era um polo de artistas e que algumas dessas mulheres ainda residem por lá. Uma curiosidade aconteceu quando foram fotografar para o projeto Feminino Re tratado, onde as Mulheres foram fotografadas como se fossem bonecas com roupinhas de papel. ”Elas mesmas se dirigiram, sugeriam o melhor local, o melhor ângulo, a maquiagem, o cabelo e isso resgata a autoestima, resgata suas histórias, fazem com que se sintam renovadas, importantes”.
Na Assuma Sustentabilidade, Sandra e suas colaboradoras são As Mais Influentes para essas mulheres como ela mesma fala: “Tive a sorte de conhecer Joaquim Egídio, que foi prá mim uma revelação é muito forte poder morar em uma comunidade pequena, poder servir a uma comunidade, trabalhar no que a gente acredita como referencia de local, não pasteurizar tudo como uma metrópole, que a comunidade seja a referencia dela e não de uma cidade grande. Esse é o fortalecimento que a gente quer para uma comunidade. Ela se sensibilizar porque está em um lugar maravilhoso, ela valorizar o local, recriar vocações e empreender no lugar, com as referencias locais. Esse é o nosso trabalho aqui”.
E encerramos o papo com uma reflexão: “A gente pode até errar, mas quem faz tem essa condição de errar, quem não faz não erra. As mulheres pensam na condição de… quem já criou seus filhos, quem já batalhou, quem criou seus netos, de quanto é precioso o convívio, a interação, são elas que fazem essa cola, entre as pessoas né? Eu acho que essa é a condição da mulher. Colar as pessoas. Colar no sentido, de, eu conheço você, que gosta disso e que conhece outra pessoa. A mulher tem essa predisposição de conviver, e somos uma célula só, e se agente está nesse organismo, ele tem que emocionar com todas as células, num propósito só, ele tem que interagir, essa é a condição que me inspira em estar junto dessas mulheres, as Marias Bonitas”.
Para conhecer mais visite a Assuma Sustentabilidade seja através do site: www.assumasustentabilidade.org.br ou visite essa linda comunidade Joaquim Egídio e vá pessoalmente se deliciar com as guloseimas e chás na A Cabrita Café.