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《 ARQUIVO 》

O maior desafio da minha vida foi e sempre será a maternidade. Ninguém prepara a menina-mulher para esse momento, pois, para a maioria, a maternidade faz parte da natureza da mulher e ela vai saber se virar e enfrentar essa jornada. Só que não é bem assim.

Quando parimos a nossa cria e nos entregam aquele serzinho completamente molinho em nossos braços temos o primeiro grande e assustador duelo, que é amamentar. Como fazer para que o serzinho entenda que tem que sugar a sua alimentação, que a mãe vaca ali tem que cumprir seu papel de leiteira? Falando assim parece tão vulgar né? Mas não é.

Somos e seremos sempre as provedoras e, mesmo depois que essa fase passa e que parece que tudo está encaixado, continuamos  sendo desafiadas, é atemporal. Parece uma grande olimpíada onde somos as técnicas, ou as juízas e às vezes até entramos na competição sem saber.

Quando descobri que estava grávida imediatamente um amor imenso tomou conta de mim, inexplicável mesmo, uma força gigante me transformou e eu só pensava em tudo o que teria que fazer para que tudo fosse perfeito para esse ser que chegaria.

Queria acertar;

Queria parar o mundo para que o meu bebê chegasse em um mundo perfeito;

Queria  ter a força de um gigante para protegê-la/o;

Queria tudo de melhor…

Queria ser perfeita…

Mas a perfeição não existe e a vida vai te colocando cada dia em um novo desafio diante daquele ser tão pequenio que te olha esperando que você saiba todas as respostas, e você vai dando o seu melhor, vai seguindo a sua intuição, vai ouvindo conselhos e, muitas vezes, descartando esses conselhos.

Enche seu coração de amor e acha que esse amor será suficiente para toda vida, que nunca nada vai abalar essa relação, que você e sua/eu filha/o serão para sempre os melhores companheiros, cúmplices, e que a empatia se sobreporá a qualquer situação, afinal, vocês são Mãe e filha/o!

Infelizmente, isso também não é verdade.

As/Os filha/os crescem, tomam as rédeas da sua vida e constroem seus próprios castelos onde, muitas vezes, os muros são tão altos que não há como você entrar, já não faz parte dessa nova historia que eles estão vivendo. Não que você não faça parte de suas vidas, não é isso que estou dizendo, mas tudo muda tão rapidamente que levamos um susto, nem nos damos conta de como se tornaram adultos e estão caminhando por sua conta.

Mas o mais intrigante disso é que Ser Mãe coloca a mulher em um patamar onde não há espaço para simplesmente ser gente, que chora, que tem raiva, que não sabe, que desliza, que muitas vezes não quer nada, que quer ter privacidade, que quer ser apenas MULHER.

Essa semana veio parar na minha mão um vídeo que conta a história de Yeonmi Park, uma menina da Coreia do Norte que atualmente tem 23 anos, é ativista de direitos humanos, escritora, jornalista e conferencista. Sua historia está publicada em vários idiomas em um livro chamado: “Para poder Viver: A jornada de uma garota norte-coreana para a liberdade”.  O que mais me impressionou foi a sua declaração: “Minha mãe deixou um homem abusar dela para me proteger”.

Em outro filme “As Sufragistas”, que conta a história verídica da luta das mulheres na Inglaterra em 1918, para que a mulher conquistasse o direito a votar. As mães levavam suas filhas para trabalhar na lavanderia coletiva e o gerente passava a vida violentando suas filhas, sem que elas pudessem fazer nada. Até que uma das mulheres, cansada daquilo, se revolta e queima a mão do homem, tira a menina de catorze anos de lá e a leva para trabalhar em uma casa de família. A personagem é presa e torturada por simplesmente lutar pelo direito de não ser violada e nem de ver suas crianças serem violadas.

Essa semana quero homenagear a todas, e quando falo todas falo mesmo para todas as mães que, não importa o que fazem ou como fazem, que caminhos trilham para criarem suas crias.

Para as Mães que tem que sair de casa todos os dias para trabalhar, para as mães que trabalham cuidando de outras crianças para que suas mães tenham que trabalhar, para as mães professoras, para as mães médicas, para as mães domésticas, para as mães artistas, para duas mães, para as avós/mães que muitas vezes depois de criarem seus filhos, criam seus netos como filhos, para as mães presidiárias, para as mães da noite e as mães do dia…

Em pleno século XXI estamos vivendo uma transformação. Filhos optam por morar perto de suas  mães para tornarem suas vidas com as crianças mais práticas. Muitas amigas resolveram a correria do dia a dia assim e não se arrependem.

Mas isso tem dois lados, pois nunca deixaremos de ser mãe e, quanto mais perto, mais acabamos nos envolvendo na vida cotidiana de nossos filhos e muitas vezes um conselho, uma sugestão, a proximidade, pode ser recebida de forma inconveniente.

Outra situação comum é que hoje as avós se tornam avós cada vez mais cedo e muitas trabalham se desdobram para atender as necessidades de ambas as partes. A jornada não é fácil, mas a Mãe vai sempre dar o seu jeito… Minha avó, mãe do meu pai, teve dezesseis filhos e antes de falecer disse: “Uma mãe é para dez filhos, mas dez filhos muitas vezes não são para uma mãe”.

Mulheres se agigantam diante da maternidade, mesmo quando não sabem se estão agindo certo, mesmo que não exista o certo, ser mãe sempre será o maior desafio que uma mulher terá. Por isso, minha sugestão é que você seja A Mais Influente mãe que conseguir ser para que seus filhos sejam pessoas transformadoras.

Fotos: Arquivo pessoal