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《 ARQUIVO 》

Por Denise Prado

É inegável que as crianças vêm a cada dia se posicionando melhor e mais firmemente no diante da vida em diversas questões. Já nascem com um olhar diferente, questionam desde pequenas o porquê dos brinquedos e cores terem que ser divididos para meninas e meninos, questionam posicionamentos dos pais, avós e de qualquer adulto que queira impor seus conceitos na hora de escolherem o que vestir e como se comportarem. Vieram para operar mudanças e é nisso que devemos acreditar.

Está nascendo uma nova espécie humana, uma geração que vai questionar tudo, que vai fugir dos padrões de uma sociedade hipócrita, uma geração empoderada de autoestima e de empatia.

Esse fim de semana que passou estive envolvida em um Festival de Viola de Caipira e dentro das categorias que concorreram, houve a categoria infantil, onde quatro concorrentes participaram, individualmente e em dupla. Assisti de perto a ansiedade causada pela expectativa de ganharem o primeiro lugar. Todos ali já eram vencedores, visto que só haviam quatro inscritos e os prêmios eram até o quarto lugar, mas seus pais estavam ali os pressionando, mesmo sem saber que estavam,  para brigarem pelo primeiro lugar. Havia um menino muito bom que desde a hora da passagem de som estava sendo pressionado pelo seu pai a ser o melhor. O menino não sorria, cantava com o coração, mas não sorria. Ficou em segundo lugar e na hora da foto com o premio, foi difícil arrancar o seu sorriso. A dupla vencedora do primeiro lugar chorava emocionada e a mãozinha da menina estava gelada de tão nervosa.

Temos que tomar cuidado com esses pequenos, pois o volume de informação e atividades podem causar ansiedade e stress em nossas crianças.

Segundo o psiquiatra Dr, Augusto Cury, que tem livros publicados em mais de 70 países e é autor do best -seller “Ansiedade – Como Enfrentar o Mal do Século”, que atingiu a marca dos 10 livros nas listas de mais vendidos, os pais enfrentam esse grande desafio de criar e educar os pequenos, onde as atribulações do dia a dia, não permite que percebam certos sinais que a criança está enviando a partir de um olhar ou atitude.

Abaixo segue uma pequena lista que é leitura obrigatória para todas as mães e pais.

1 – Excesso de estímulos

“Estamos assistindo ao assassinato coletivo das crianças e da juventude dos adolescentes no mundo todo. Nós alteramos o ritmo de construção dos pensamentos por meio do excesso de estímulos. Sejam os presentes a todo o momento, seja acesso ilimitado a smartphones, redes sociais, jogos ou excesso de TV. Eles estão perdendo as habilidades sócio-emocionais mais importantes: colocarem-se no lugar do outro, pensar antes de agir, expor e não impor ideias, aprender a arte de agradecer. É preciso ensiná-los a proteger a emoção para que fiquem livres de transtornos psíquicos.  Eles necessitam gerenciar os pensamentos para prevenir a ansiedade. Ter consciência critica e desenvolver a concentração. Aprender a não agir pela reação, no esquema “bateu, Levou”, e a desenvolver altruísmo e generosidade”.

2 – Geração triste

“Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos  ensinar às nossas crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. Essa geração precisa muito para sentir prazer: viciamos nossos filhos e alunos a receber muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. O resultado: são intolerantes e superficiais.O índice de suicídio tem aumentado. A família precisa se lembrar que o consumo não faz ninguém feliz. Suplico aos pais: os adolescentes precisam ser estimulados a aventurarem-se, a ter contato com a natureza, encantarem-se com astronomia, com os estímulos lentos , estáveis e profundos da natureza que não são tão rápidos como as redes sociais.

3 – Dor compartilhada

“É fundamental  que as crianças aprendam a elaborar as experiências. Por exemplo: diante de uma perda ou dificuldade,é necessário que tenham uma assimilação profunda do que houve e aprender com aquilo. Como ajudá-las nesse processo? Os pais precisam falar das suas lágrimas, suas dificuldades, seus fracassos. Em vez disso, pai e mãe deixam os filhos no tablet, no smartphone,  e os colocam em escolas de tempo integral. Pais que só dão produtos para os seus filhos, mas são incapazes de transmitir a sua história, transformam seres humanos em consumidores. É preciso sentar e conversar. “Filho, eu também fracassei, também passei por dores, também fui rejeitado. “Houve momentos em que chorei”. Quando os pais cruzam o seu mundo com o dos filhos, formam-se arquivos saudáveis poderosos na sua mente, que eu chamo de janelas light: memórias capazes de levar crianças e adolescentes a trabalhar as dores e frustações.

4 – Intimidade

“Pais que não cruzam o seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. È preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo. O tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres na vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais.”

5 – Mais brincadeiras, menos informação

“Criança tem que ter infância. Precisa brincar, e não ficar com uma agenda pré-estabelecida o tempo todo, com aulas variadas. É importante que criem brincadeiras, desenvolvendo a criatividade. Hoje uma criança de sete anos tem mais informação do que um imperador romano. São informações desacompanhadas de conhecimento. Os pais podem e devem impor limites ao tempo que os filhos passam à frente das telas. Sugiro duas horas por dia. Se não colocar limites, eles vão desenvolver uma emoção viciante, precisando de cada vez mais sentir cada vez menos: vão deixar de refletir, se interiorizar, brincar e contemplar o belo”.

6 – Parabéns!

“Em vez de apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os dias, filhos e alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só criticam e educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança, dificuldades em empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os seus educandos. Assim,, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio. Isso não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não promovido características saudáveis.”

7 – Conselho final para os pais

“Vejo pais que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir, não sabem trabalhar as perdas. São adultos, mas com idade emocional não desenvolvida. Para atuar como verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar equilibrados emocionalmente. Devem desligar o celular ao fim de semana e ser pais. Muitos são viciados em smartphones, não conseguem desconectar. Como vão ensinar os seus filhos e fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos têm o que eu chamo, a síndrome de pensamento acelerado, que é viver sem conseguir aquietar a mente, como vão ajudar os seus filhos a diminuírem a ansiedade?” (Fonte: Altamente)

Espero sinceramente que essa coluna seja A Mais Influente Inspiração para que os pais e educadores reflitam sobre como podem fazer as crianças e adolescentes, serem mais felizes por mais tempo.

Fotos: Arquivo Pessoal